15 de fevereiro de 2010

Imensidão


Em um universo azul de sol vermelho
E em uma palavra um ponto escuro
Um livro e poeira
Chamando um a um

Chamando um a um
Um livro e poeira
E em uma palavra um ponto escuro
Em um universo azul de sol vermelho


Ohlemrev los ed luza osrevinu mu me
Orucse otnop mu arvalap amu me e
Arieop e ovril mu
Mu a mu odnamahc

Mu a mu odnamahc
Arieop e ovril mu
Orucse otnop mu arvalap amu me e
Ohlemrev los ed amu luza osrevinu mu me

Festival



Uma manhã de chuva
Uma tarde de sol
Gosto estranho na boca
Ausência de euforia
Enquanto o mundo grita
E pessoas sofrem...

E sob a terra jazem os feridos
Na guerra entre santos e homens
Onde iremos parar
Gastando tanto em nada
Esculpindo e ostentando histórias
Que não fazem sentido algum
Enquanto histórias de vida
São interrompidas.

Uma mãe chorava
Mas não pude ouvir sua voz
Porque estou do outro lado...

A televisão esqueceu,
Mas eles não
Em um festival de sangue
Onde as fantasias são reais
E onde a noite desce fria.

14 de fevereiro de 2010

Oração


Jogue suas preces pro alto
E queime no fogo do inferno
Com suas sábias palavras idiotas.
Não te peço misericórdia
Não sou um condenado!
Não somente.
A sua moral incontestável
(Paradoxal)
E a sua cega fé
Embrulham-me o estômago.
Vomitando tuas ameaças,
Rejeitando tuas palavras,
Seguindo rumo ao inferno
Estou só, mas não sozinho.
Quem mandou jogar pérolas aos porcos?
Engula sua sentença,
Queime os seus malditos dogmas...
Viva!
Viva erradamente, mas viva.
Pois como dizem todos, santos e pagãos,
Melhor viver errando que morrer sem tentar.

Regressão

O que é viver senão construir planos?
Planos que vão e vêm,
Esculturas de gelo que estilhaçam e derretem...
Somente chuvas de verão.
O que é amar se não houver enganos?
Sonhos que aqui estão,
Risos e lágrimas que bradam ou descem...
Gotas de sangue no chão.
Virei às costas a mim mesmo?
Sim, mas voltei
E corri em tua direção;
Rasguei a tristeza ao segurar a tua mão.
Por que tantas dúvidas, tanto medo?
No fim meu amor, pôs meus pés no chão
Sofri temendo não merecer teu perdão...
Mas teu sorriso me deu forças pra voltar.
Só estar contigo me interessa;
É em tua vida que a minha começa,
Tua face me faz ir além... Flutuar.
Minha eternidade é sonhar acordado
Porque se a realidade é estar sem você,
Digo que nada mais poderia fazer,
Só morrer, sem você ao meu lado.

Nascimento


Perdido...

Mais um ser sem alma?

Vagando na escuridão.

Partido...

Porque não me acalmas?

Ferido e morto de solidão.

Teu sono, o teu calar, o teu cansaço,

A melodia que nos envolve

Sem ver-te, sem tocar-te, sem teu abraço,

Convida-me suavemente à morte.

Atração fatal, fios brilhantes no aço;

Que a beleza do meu sangue prove

Sua presença em mim, nosso laço,

Pois me entreguei sem recusas a tal sorte.

Beije-me descontroladamente,

Toque-me e enxugue minhas lágrimas.

Mergulharei em ti completamente,

Afogando-me no escuro destas águas.

Navalha


É eu te procurei

Todas as vezes que caí,

Em todos os escuros que me cegaram,

Em todos os vazios que vivi.

Nas noites em que o medo era soberano,

E em que o frio tirava-me o sono,

Até mesmo na morte que se aproximava...

Hoje seu coração está aqui

Sangrando em minhas mãos,

Fatiado em uma bandeja de cristal...

Sinto muito vida minha: não é o bastante?

Minha vida não é bastante?

É eu te procurei

Em todas as dores que senti,

Em todos os rancores que mataram,

Em todas as faces de que me despedi,

Até em mim mesmo que me mutilava...

Hoje minha alma está aí

Agonizando e clamando salvação,

Rejeitada, à espera de um sinal.

Será tudo vida minha, uma paixão obsedante?

Minha ilusão obsedante?

É eu te procurei

E agora que te encontrei

Jamais te deixarei escapar...

Quero ver-te em meus braços, te acalentar...

Sonho que sempre esperei

E de que nunca mais acordarei.

Lavagem cerebral


Se eu pudesse chorar de felicidade

Se ao menos pudesse acreditar

Se o silêncio me fizesse voar

Sentiria as esperanças retornando

Como as águas de um vendaval

Ou os ventos de um turbilhão

Caindo por terra, me abandonarão?

Se eu fizesse os corruptos emudecerem

Se eu ouvisse o grito dos mortos

Se eu tirasse dos ricos sua droga de vida

Sentiria as esperanças retornando

Prefiro não dormir e me envenenar

(não)

Nunca perca a razão

(não)

Ou sua face...

Eles deformarão!

E perderá sua visão.

Não se cale


Quando o seu jardim morrer
Quando você for crucificado
Quando te esmagarem na parede
Não se cale ou será congelado
Morra mas não deixe de existir
Faça sua presença valer aqui
Quando as portas se fecharem
Quando o céu cair sobre nós
Quando os grandes te humilharem
Não se cale, faça calarem
Queime o que eles chamam de alma

Ausência


Atravessando o ar

Bloqueando o luar

Descongelando a frieza

Suavizando a dor

Só a ausência está presente

Compondo minha decomposição

As minhas esperanças vão ao chão

Descongelando a frieza

Suavizando a dor

Deixando-me meu espírito cresce

Enquanto meu coração é mutilado

Clamo no início do fim

Mas jamais serei ouvido

Porque só a ausência está present

Calafrios


Hoje vejo meu rosto no espelho

Mas sei que não é meu reflexo

Por que grito pra fugir de mim mesmo

Tentando me esconder de você.

Pergunto mas não me respondes...

O que temes?

Sente calafrios quando se recorda...

O que temes?

Não é o passado.

Quem sabe o que é a verdade?

Seja sincera e olhe

Dentro de meus olhos sem cor...

Acreditarei se sentires calafrios.

Perdi tudo que tinha:

Minha alma, minha vida, meus sonhos...

Tudo por você e só por você;

Fui machucado, odiado, rejeitado...

Mas faria tudo novamente

Só pra merecer teu sorriso.

Mesmo assim, a realidade me persegue...

Eu grito para fugir de mim mesmo

Tentando me esconder de você.

Adeus meu amor, único vínculo

Que me mantinha aqui.

Vejo-te do outro lado da estrada...

Infelizmente não posso ter

Outra chance neste seu mundo.

Só quero que saiba que

Grito pra fugir de mim mesmo

Tentando me esconder de você

Mas nunca conseguirei

Pois hoje sei

Que somos um só.

Vozes do vento


Meu rosto estremece

Meus olhos escurecem

Onde está o perdão de que me falaram?

Não vejo os crimes de que me acusaram

A rua deserta me conta segredos

Agora já não posso esconder o medo

Enquanto vozes desconhecidas surgem

No céu escuro não há nenhuma nuvem

Eu abro os braços, corro contra o vento

Peço pra arrancar minha tristeza

Eu abro os braços, me afaga o vento

E me resta apenas à certeza

De que posso acabar

É isso, vou me entregar

Meu reflexo na água mostra como sou

Água limpa da chuva que o chão lavou

Raios caem ao meu redor

Se eu cair também será melhor

Oh Deus, se não me atira nesse poço

Não me importo, pois faço

A escolha é mais minha que sua

Sentirei a água me lavando

E minha poeira de crimes levando

Saindo do coma


Vejo-me nas nuvens negras que passam

Quase já não posso respirar

Eu deixo que a fumaça leve minhas dores

Lamento de quem está acabado

O silêncio me cobre de cinzas

Meus sonhos, meus sonhos, meus sonhos

Queimados tocam meu rosto

Os reflexos da minha alma são invisíveis

Pois meus olhos estão fechados

Meu sangue está congelado

Pela frieza da angústia

Meu corpo está paralisado

Por medo do que pode acontecer

Agora posso ver uma luz

Um ponto brilhante na escuridão

Ajude-me, mas, não me acorde

Estou saindo do coma

Meus olhos se abrem e vejo

Um mundo igual ao que estive

Por favor, não seja real

Não quero permanecer num mundo negro, derrotado

A luz...

Se foi

Fecho os olhos e mergulho na escuridão

Da minha perturbada inconsciência

Procurando vê-la novamente

Talvez me leve embora daqui

Dia nublado


Abro a janela e espero no vento que passa

Abro a janela e espero um dia nublado

A culpa não foi minha

Eu não sou o culpado

Pelo de mundo de paz já ter acabado

Espero que quando fechar a janela

O paraíso já tenha voltado

Pois pelo que vejo

Ele foi derrotado

Pelas vozes que encontram a chuva

Pelos gritos que escapam das rosas queimadas

Pela neblina que paira e me rasga

Pelos sonhos acabados

Deito e adormeço embalado por vozes injustiçadas

De quem quis fazer o bem e foi estraçalhado

Prefiro me afogar nesse mundo de injustiças

Pois, como se pode fazer justiça

Sendo alienado?

Na solidão


Quando você chega

Algo se quebra dentro de mim

Meus dias tornam-se noites

Meu grito ganha melodia

A lua que sempre me guiou

Enche-se de nuvens escuras

Até quando irei agüentar

Se minha mente me persegue?

Até quando irei esperar

Para ver e ter de volta

Brilho nos meus olhos?

Na solidão me perco e adormeço

Esperando salvação

Coragem para me erguer

Meus versos sem métrica e rima

São imperfeitos como me tornei

Ao menos, deixe-me gritar

Deixe-me gritar

(que continuo)

Que continuo o mesmo

Que corria no meio da chuva

Que admirava as poças d’água

E a névoa daqueles dias tristes

(afaste-se de mim)

Deixe-me dizer que continuo

Lembranças


Me lembro daquelas frias noites de inverno

Em que fui feliz

Até descobrir estar enevoado

Por vários sentimentos

A ponto de não distinguir o real

Sinto que tenho quase tudo

Mas falta algo

Falta alguma coisa

Que não seja como as outras

Que talvez esteja dentro de mim

Uma pequena e doce luz

Perdida na escuridão

E no frio desta noite

Em que me atormento

Lembrando o que já fiz e vivi

Até agora

Metamorfose


Eu sempre fui feliz

Afogado num poço de verdades

Tão reais quanto um espectro

Como um castelo de cartas

(desmoronei)

Como uma chama sem oxigênio

(me apaguei)

Somente quando gritei

A minha casca se rompeu

Só quando me libertei

Pude entender meu interior

Minha metamorfose

(minha dor)

Tornou-se um filme de terror

(seu filme)

De terror

Fogo celeste


Sou quem te acolheu e te afagou

Enquanto o mundo inteiro te odiou

Então

Arranque os pecados de si

(purificação)

Venha até aqui perto de mim

(destruição)

Eu sou aquele ser que se enganou

Trocou a luz pela sombra

E querendo salvação acabou

Mas que sabe onde o mal está

Pros céus

Arranque os pecados de si

(purificação)

Venha até aqui, perto de mim

(destruição)

Você vai gritar chorar, sangrar

Santidade é o que me faz sonhar

Mas o fogo vai te purificar

Eu sei onde o mal realmente está

A vida eterna não está na beleza que vês

Mas na escuridão que vivo

Se entregue às chamas

Isso

Arranque os pecados de si

(condenação)

Venha até aqui, perto de mim

(destruição)

Dentro de mim


O tempo passa e sempre deixa
O que você nunca conseguiu levar
Minha alma grita
Meu coração chora
Meu corpo se deteriora
Você era a luz que iluminava
Meus dias negros de escuridão infinita
Minha vista se perde no horizonte
Procurando o que sabe que não vai encontrar
E meus olhos não te encontram
Mas meu corpo ainda te sente
O que esse tempo maldito tenta apagar
Preservarei infinitamente dentro de mim
Quando me deito
Lembro-me claramente
De você nos meus braços
Você pode até já ter partido
Mas gritarei até que me ouça
Onde quer que você esteja
Esperando o nosso reencontro
Antes que o tempo apague
Seus rastros em minha vida
Ele pode apagar tudo
Inclusive seus rastros
Só não pode apagar
O que há dentro de mim

Subterrâneo


Adeus, novamente adeus
Pois você sabe muito bem quem sou
Sempre rastejou o que é meu
Mas pra mim tudo, tudo acabou
Porque te esmaguei como um verme
O verme que você sempre foi
Parasita de sonhos e almas
Fantasma de alguém que nunca existiu
Queime no fogo do inferno
Que você mesmo construiu
Fazendo de mim um inimigo eterno
Roubou-me o amor depois partiu
Voltando pro subterrâneo, gritando
Tão vazio quanto sua mente
Estarei lá aos poucos te rasgando
Muito feliz certamente
É moinha chance de roubar algo seu
Talvez sua crueldade ou frieza
O jogo agora é meu e por isso adeus
Você só não levou meus pesadelos
Mas isso te deixarei como herança
Ódio
Desespero
Solidão
Você nunca terá minha vida
Mas uma passagem pro meu mundo, certamente.

Infeliz refúgio

Quando te vejo pela rua
Procurando um feliz destino
Encontro o meu infeliz refúgio
Quando insiste em me assustar
E seus olhar me hipnotiza suavemente
Meu mundo não consegue ser o mesmo
Minha mente procura uma saída
Mas o seu reflexo derruba as esperanças
Prendendo-me em mim mesmo
Sua voz suave e estranha eleva meu espírito
Mantendo-o livre de todas as amarras
Minha voz triste e sem melodia
Se restaura e me ergue das sombras
Antes que anoiteça
Quero estar aqui novamente
Somente em meu doce e infeliz refúgio
Você encontrará seu feliz e amargo destino

Escuridão

Onde estão as luzes?
Não ouço mais as vozes
Que me ajudaram outras vezes
Meu caminho talvez seja escuro
Quem sabe as sombras me consolem?
Não por quem chamar ou confiar
Nem em mim mesmo a quem posso tocar
Uma realidade distante se fez real
O que muitos temiam se cumpriu
Ouço gritos, não só vozes e estou vendo
Sangue nas rosas e a morte vencendo
Os anjos que vejo não se movem
Nem há luz alguma a sua volta
Pelo contrário, marcam o fim
Grito que não será o mesmo pra mim
Uma realidade distante se fez real
Ou será que somente abrimos os olhos
Para o caos que convive conosco?
Espero que os sonhos de quem
Ainda crê na vida se incendeiem
Para que se fortaleçam
E no real enfim apareçam

No fim

http://constante.files.wordpress.com/2008/05/brunaaaaa.jpg

No escuro de uma escola vazia
Lamento tudo o que vivia
Onde está você agora?
Se o vento me encontra
Peço que vá embora!
Diante de ti...
(esqueço minha história)
Diante de ti...
(encontro minha derrota)
Mas mesmo assim,
Prefiro estar aqui.
Acordo gritando bem alto o seu nome
Se pra viver tiver que te deixar
Morrerei aqui querendo te encontrar
Ergo-me da lama da realidade
Pois só no escuro encontro quem sou
Alegro-me no olhar que me matou
Choro (e choro)
Sangro (e grito)
Para que o infinito
Nos uma pra sempre
No fim.