15 de fevereiro de 2010
Imensidão
Em um universo azul de sol vermelho
E em uma palavra um ponto escuro
Um livro e poeira
Chamando um a um
Chamando um a um
Um livro e poeira
E em uma palavra um ponto escuro
Em um universo azul de sol vermelho
…
Ohlemrev los ed luza osrevinu mu me
Orucse otnop mu arvalap amu me e
Arieop e ovril mu
Mu a mu odnamahc
Mu a mu odnamahc
Arieop e ovril mu
Orucse otnop mu arvalap amu me e
Ohlemrev los ed amu luza osrevinu mu me
Festival
14 de fevereiro de 2010
Oração
Regressão
Nascimento
Perdido...
Mais um ser sem alma?
Vagando na escuridão.
Partido...
Porque não me acalmas?
Ferido e morto de solidão.
Teu sono, o teu calar, o teu cansaço,
A melodia que nos envolve
Sem ver-te, sem tocar-te, sem teu abraço,
Convida-me suavemente à morte.
Atração fatal, fios brilhantes no aço;
Que a beleza do meu sangue prove
Sua presença em mim, nosso laço,
Pois me entreguei sem recusas a tal sorte.
Beije-me descontroladamente,
Toque-me e enxugue minhas lágrimas.
Mergulharei em ti completamente,
Afogando-me no escuro destas águas.
Navalha
É eu te procurei
Todas as vezes que caí,
Em todos os escuros que me cegaram,
Em todos os vazios que vivi.
Nas noites em que o medo era soberano,
E em que o frio tirava-me o sono,
Até mesmo na morte que se aproximava...
Hoje seu coração está aqui
Sangrando em minhas mãos,
Fatiado em uma bandeja de cristal...
Sinto muito vida minha: não é o bastante?
Minha vida não é bastante?
É eu te procurei
Em todas as dores que senti,
Em todos os rancores que mataram,
Em todas as faces de que me despedi,
Até em mim mesmo que me mutilava...
Hoje minha alma está aí
Agonizando e clamando salvação,
Rejeitada, à espera de um sinal.
Será tudo vida minha, uma paixão obsedante?
Minha ilusão obsedante?
É eu te procurei
E agora que te encontrei
Jamais te deixarei escapar...
Quero ver-te em meus braços, te acalentar...
Sonho que sempre esperei
E de que nunca mais acordarei.
Lavagem cerebral
Se eu pudesse chorar de felicidade
Se ao menos pudesse acreditar
Se o silêncio me fizesse voar
Sentiria as esperanças retornando
Como as águas de um vendaval
Ou os ventos de um turbilhão
Caindo por terra, me abandonarão?
Se eu fizesse os corruptos emudecerem
Se eu ouvisse o grito dos mortos
Se eu tirasse dos ricos sua droga de vida
Sentiria as esperanças retornando
Prefiro não dormir e me envenenar
(não)
Nunca perca a razão
(não)
Ou sua face...
Eles deformarão!
E perderá sua visão.
Não se cale
Ausência
Atravessando o ar
Bloqueando o luar
Descongelando a frieza
Suavizando a dor
Só a ausência está presente
Compondo minha decomposição
As minhas esperanças vão ao chão
Descongelando a frieza
Suavizando a dor
Deixando-me meu espírito cresce
Enquanto meu coração é mutilado
Clamo no início do fim
Mas jamais serei ouvido
Porque só a ausência está present
Calafrios
Hoje vejo meu rosto no espelho
Mas sei que não é meu reflexo
Por que grito pra fugir de mim mesmo
Tentando me esconder de você.
Pergunto mas não me respondes...
O que temes?
Sente calafrios quando se recorda...
O que temes?
Não é o passado.
Quem sabe o que é a verdade?
Seja sincera e olhe
Dentro de meus olhos sem cor...
Acreditarei se sentires calafrios.
Perdi tudo que tinha:
Minha alma, minha vida, meus sonhos...
Tudo por você e só por você;
Fui machucado, odiado, rejeitado...
Mas faria tudo novamente
Só pra merecer teu sorriso.
Mesmo assim, a realidade me persegue...
Eu grito para fugir de mim mesmo
Tentando me esconder de você.
Adeus meu amor, único vínculo
Que me mantinha aqui.
Vejo-te do outro lado da estrada...
Infelizmente não posso ter
Outra chance neste seu mundo.
Só quero que saiba que
Grito pra fugir de mim mesmo
Tentando me esconder de você
Mas nunca conseguirei
Pois hoje sei
Que somos um só.
Vozes do vento
Meu rosto estremece
Meus olhos escurecem
Onde está o perdão de que me falaram?
Não vejo os crimes de que me acusaram
A rua deserta me conta segredos
Agora já não posso esconder o medo
Enquanto vozes desconhecidas surgem
No céu escuro não há nenhuma nuvem
Eu abro os braços, corro contra o vento
Peço pra arrancar minha tristeza
Eu abro os braços, me afaga o vento
E me resta apenas à certeza
De que posso acabar
É isso, vou me entregar
Meu reflexo na água mostra como sou
Água limpa da chuva que o chão lavou
Raios caem ao meu redor
Se eu cair também será melhor
Oh Deus, se não me atira nesse poço
Não me importo, pois faço
A escolha é mais minha que sua
Sentirei a água me lavando
E minha poeira de crimes levando
Saindo do coma
Vejo-me nas nuvens negras que passam
Quase já não posso respirar
Eu deixo que a fumaça leve minhas dores
Lamento de quem está acabado
O silêncio me cobre de cinzas
Meus sonhos, meus sonhos, meus sonhos
Queimados tocam meu rosto
Os reflexos da minha alma são invisíveis
Pois meus olhos estão fechados
Meu sangue está congelado
Pela frieza da angústia
Meu corpo está paralisado
Por medo do que pode acontecer
Agora posso ver uma luz
Um ponto brilhante na escuridão
Ajude-me, mas, não me acorde
Estou saindo do coma
Meus olhos se abrem e vejo
Um mundo igual ao que estive
Por favor, não seja real
Não quero permanecer num mundo negro, derrotado
A luz...
Se foi
Fecho os olhos e mergulho na escuridão
Da minha perturbada inconsciência
Procurando vê-la novamente
Talvez me leve embora daqui
Dia nublado
Abro a janela e espero no vento que passa
Abro a janela e espero um dia nublado
A culpa não foi minha
Eu não sou o culpado
Pelo de mundo de paz já ter acabado
Espero que quando fechar a janela
O paraíso já tenha voltado
Pois pelo que vejo
Ele foi derrotado
Pelas vozes que encontram a chuva
Pelos gritos que escapam das rosas queimadas
Pela neblina que paira e me rasga
Pelos sonhos acabados
Deito e adormeço embalado por vozes injustiçadas
De quem quis fazer o bem e foi estraçalhado
Prefiro me afogar nesse mundo de injustiças
Pois, como se pode fazer justiça
Sendo alienado?
Na solidão
Quando você chega
Algo se quebra dentro de mim
Meus dias tornam-se noites
Meu grito ganha melodia
A lua que sempre me guiou
Enche-se de nuvens escuras
Até quando irei agüentar
Se minha mente me persegue?
Até quando irei esperar
Para ver e ter de volta
Brilho nos meus olhos?
Na solidão me perco e adormeço
Esperando salvação
Coragem para me erguer
Meus versos sem métrica e rima
São imperfeitos como me tornei
Ao menos, deixe-me gritar
Deixe-me gritar
(que continuo)
Que continuo o mesmo
Que corria no meio da chuva
Que admirava as poças d’água
E a névoa daqueles dias tristes
(afaste-se de mim)
Deixe-me dizer que continuo
Lembranças
Me lembro daquelas frias noites de inverno
Em que fui feliz
Até descobrir estar enevoado
Por vários sentimentos
A ponto de não distinguir o real
Sinto que tenho quase tudo
Mas falta algo
Falta alguma coisa
Que não seja como as outras
Que talvez esteja dentro de mim
Uma pequena e doce luz
Perdida na escuridão
E no frio desta noite
Em que me atormento
Lembrando o que já fiz e vivi
Até agora
Metamorfose
Eu sempre fui feliz
Afogado num poço de verdades
Tão reais quanto um espectro
Como um castelo de cartas
(desmoronei)
Como uma chama sem oxigênio
(me apaguei)
Somente quando gritei
A minha casca se rompeu
Só quando me libertei
Pude entender meu interior
Minha metamorfose
(minha dor)
Tornou-se um filme de terror
(seu filme)
De terror
Fogo celeste
Sou quem te acolheu e te afagou
Enquanto o mundo inteiro te odiou
Então
Arranque os pecados de si
(purificação)
Venha até aqui perto de mim
(destruição)
Eu sou aquele ser que se enganou
Trocou a luz pela sombra
E querendo salvação acabou
Mas que sabe onde o mal está
Pros céus
Arranque os pecados de si
(purificação)
Venha até aqui, perto de mim
(destruição)
Você vai gritar chorar, sangrar
Santidade é o que me faz sonhar
Mas o fogo vai te purificar
Eu sei onde o mal realmente está
A vida eterna não está na beleza que vês
Mas na escuridão que vivo
Se entregue às chamas
Isso
Arranque os pecados de si
(condenação)
Venha até aqui, perto de mim
(destruição)